Irmãos e irmãs, é essa a missão que o Senhor dá a cada um de nós hoje. Ainda hoje o Senhor conta com cada um que está aqui e o envia como missionário para anunciar o Reino de Deus. Essa é uma grande responsabilidade que o Senhor coloca nas nossas mãos.
O que significa ser missionário para o Reino de Deus? Antes de qualquer coisa, é ter o coração cheio de amor a Deus e aos irmãos. Aquele que não se enche dessa graça dada pelo amor de Deus não tem como pregar o Reino para os seus irmãos e irmãs. Ser missionário significa dar-se totalmente pelo Reino de Deus. Ser missionário significa também desprender-se de tudo e de todos, de todas as seguranças e viver somente para o Reino e para o seu anúncio.
Alguns de nós tiveram a graça de ir em missão para outro país, outros receberam a graça de ir para outra cidade, mas a maioria de nós é chamado a ser missionário de uma maneira diferente, na própria cidade. É possível ser missionário no próprio país, na própria cidade, na própria família. Eu posso até desejar pregar o Reino de Deus muito longe, mas se esse amor apostólico não existe na minha vida cotidiana, com a minha família, se ele não queima em meu coração para evangelizar a minha família, será muito difícil que ele queime para que eu vá anunciar o Reino de Deus fora.
É necessário que a cada dia eu me alimente de Cristo e dele viva, para que, também a cada dia, eu possa anunciá-lo ao outro. Toda missão verdadeira começa dentro de mim mesmo, do meu relacionamento com Deus, do meu amor com Deus, da minha intimidade com Ele. É por isso que Santo Agostinho diz: "Senhor, eu te procurei tão longe e não te encontrei, vim te encontrar aqui mesmo, dentro de mim".
Meus irmãos e irmãs, essa preparação interior é indispensável, porque se eu não encontrei Deus em mim mesmo, se não tenho a riqueza de Deus no meu coração, não terei nada para dar aos outros. Essa profundidade interior, essa vida espiritual profunda é um dom do Espírito Santo, é uma graça que nós devemos pedir para que possamos ir anunciar o Evangelho aos nossos irmãos. E é por isso que João Paulo II repete inúmeras vezes que a qualidade da fé do terceiro milênio depende da fé e da santidade daqueles que anunciam, que são apóstolos.
Para que seja possível a santidade no terceiro milênio, o Santo Padre conta com a santidade daqueles que anunciam a Palavra de Deus. Porque, somente tendo anunciadores santos, teremos um tempo novo de santidade.
Então, quando nós caminharmos nessa santidade e anunciarmos a Palavra de Deus nesse espírito de santidade, poderemos entrar no terceiro milênio dizendo: "Nós fizemos somente aquilo que é a vontade de Deus".
Na missão, não podemos esperar nada de Deus. Jamais poderemos dizer: "Olha, Senhor, o que eu fiz por ti; agora me dá o retorno". Ser missionário é trabalhar sem esperar retorno, como o servo inútil que se colocou a serviço do senhor sem esperar recompensa.
Então, vocês sabem que nós somos apóstolos da Palavra de Deus e podemos anunciá-la na nossa cidade, na nossa família, mas podemos também ser enviados para anunciá-la fora, se assim o Senhor o desejar.
E que este Senhor, que hoje nos envia, sempre nos acompanhe. Se nós tivermos a consciência de que o Senhor nos acompanha, a nossa missão não será bloqueada por nenhuma dificuldade. Com a graça e a ajuda do Santo Espírito nós poderemos, apesar das dificuldades, continuar o anúncio do Cristo. Orem, orem sempre. Porque a nossa força vem sempre da oração. E que o Senhor nos abençoe e nos dê a força de anunciar o seu Filho, que é o mesmo ontem, hoje, amanhã e pelos séculos dos séculos.
Quando vocês se reunirem, lembrem-se de fazer uma pequena oração também pela África, porque o Deus que nos criou quer que todos sejamos um só em seu Filho. E lá onde está o Filho, que é imagem de Deus, aí também deve estar o nosso pensamento e a nossa oração.
Breve testemunho sobre a catolicidade na África
Na África, a realidade católica é muito diferente de um país para outro.
O Congo, por exemplo, tem 45 milhões de habitantes, dos quais 22 milhões são católicos. Batizados são mais que isso, mas não freqüentam a Igreja.
Existem países como a Nigéria, que tem 120 milhões de habitantes e somente 5% são católicos, os outros são muçulmanos.
Existem também povos que ouviram falar de Jesus Cristo há muito tempo, mas a sua cultura não lhes permite a manifestação pública da fé, que é vivida de maneira privada.
O grande esforço é unir a evangelização ao desenvolvimento. Porque o grande desafio é a pobreza, que é desejada por aqueles que dirigem o país e não têm interesse em favorecer a dignidade humana.
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