12 de out. de 2011

O que significa ser missionário para o Reino de Deus?‏




    Podemos imaginar o começo da Igreja. Os apóstolos estavam certamente reunidos com Nossa Senhora, depois da morte e da ressurreição do Senhor, e eles se perguntavam se aquele era o começo do Reino de Deus. Naquele momento, o que eles pensavam sobre o Reino de Deus era uma concepção nova acerca do mundo, uma concepção nova sobre a vida cristã. E o Senhor alerta: "Não cabe a vocês saber quando começa e quando termina esse Reino, mas vocês têm a missão de proclamar em todos os lugares da Terra que o Reino de Deus está implantado, que ele começou". E eu imagino que agora, dois mil anos depois, cada um de nós pode perguntar: "É agora, Senhor, que tu vais implantar o Reino dos céus?". E o Senhor responde mais uma vez que não cabe a nós conhecer quando começa e quando acaba esse Reino. Mas nós também recebemos a missão de proclamar até os confins da terra que o Reino dos céus chegou. E lembremos o que o Senhor nos diz:    "Eu estarei convosco até o fim dos tempos".
    Irmãos e irmãs, é essa a missão que o Senhor dá a cada um de nós hoje. Ainda hoje o Senhor conta com cada um que está aqui e o envia como missionário para anunciar o Reino de Deus. Essa é uma grande responsabilidade que o Senhor coloca nas nossas mãos.
    O que significa ser missionário para o Reino de Deus? Antes de qualquer coisa, é ter o coração cheio de amor a Deus e aos irmãos. Aquele que não se enche dessa graça dada pelo amor de Deus não tem como pregar o Reino para os seus irmãos e irmãs. Ser missionário significa dar-se totalmente pelo Reino de Deus. Ser missionário significa também desprender-se de tudo e de todos, de todas as seguranças e viver somente para o Reino e para o seu anúncio.
    Alguns de nós tiveram a graça de ir em missão para outro país, outros receberam a graça de ir para outra cidade, mas a maioria de nós é chamado a ser missionário de uma maneira diferente, na própria cidade. É possível ser missionário no próprio país, na própria cidade, na própria família. Eu posso até desejar pregar o Reino de Deus muito longe, mas se esse amor apostólico não existe na minha vida cotidiana, com a minha família, se ele não queima em meu coração para evangelizar a minha família, será muito difícil que ele queime para que eu vá anunciar o Reino de Deus fora.
    É necessário que a cada dia eu me alimente de Cristo e dele viva, para que, também a cada dia, eu possa anunciá-lo ao outro. Toda missão verdadeira começa dentro de mim mesmo, do meu relacionamento com Deus, do meu amor com Deus, da minha intimidade com Ele. É por isso que Santo Agostinho diz: "Senhor, eu te procurei tão longe e não te encontrei, vim te encontrar aqui mesmo, dentro de mim".
    Meus irmãos e irmãs, essa preparação interior é indispensável, porque se eu não encontrei Deus em mim mesmo, se não tenho a riqueza de Deus no meu coração, não terei nada para dar aos outros. Essa profundidade interior, essa vida espiritual profunda é um dom do Espírito Santo, é uma graça que nós devemos pedir para que possamos ir anunciar o Evangelho aos nossos irmãos. E é por isso que João Paulo II repete inúmeras vezes que a qualidade da fé do terceiro milênio depende da fé e da santidade daqueles que anunciam, que são apóstolos.
    Para que seja possível a santidade no terceiro milênio, o Santo Padre conta com a santidade daqueles que anunciam a Palavra de Deus. Porque, somente tendo anunciadores santos, teremos um tempo novo de santidade.
    Então, quando nós caminharmos nessa santidade e anunciarmos a Palavra de Deus nesse espírito de santidade, poderemos entrar no terceiro milênio dizendo: "Nós fizemos somente aquilo que é a vontade de Deus".
    Na missão, não podemos esperar nada de Deus. Jamais poderemos dizer: "Olha, Senhor, o que eu fiz por ti; agora me dá o retorno". Ser missionário é trabalhar sem esperar retorno, como o servo inútil que se colocou a serviço do senhor sem esperar recompensa.
Então, vocês sabem que nós somos apóstolos da Palavra de Deus e podemos anunciá-la na nossa cidade, na nossa família, mas podemos também ser enviados para anunciá-la fora, se assim o Senhor o desejar.
    E que este Senhor, que hoje nos envia, sempre nos acompanhe. Se nós tivermos a consciência de que o Senhor nos acompanha, a nossa missão não será bloqueada por nenhuma dificuldade. Com a graça e a ajuda do Santo Espírito nós poderemos, apesar das dificuldades, continuar o anúncio do Cristo. Orem, orem sempre. Porque a nossa força vem sempre da oração. E que o Senhor nos abençoe e nos dê a força de anunciar o seu Filho, que é o mesmo ontem, hoje, amanhã e pelos séculos dos séculos.
    Quando vocês se reunirem, lembrem-se de fazer uma pequena oração também pela África, porque o Deus que nos criou quer que todos sejamos um só em seu Filho. E lá onde está o Filho, que é imagem de Deus, aí também deve estar o nosso pensamento e a nossa oração.
    Breve testemunho sobre a catolicidade na África
    Na África, a realidade católica é muito diferente de um país para outro.
    O Congo, por exemplo, tem 45 milhões de habitantes, dos quais 22 milhões são católicos. Batizados são mais que isso, mas não freqüentam a Igreja.
    Existem países como a Nigéria, que tem 120 milhões de habitantes e somente 5% são católicos, os outros são muçulmanos.
    Existem também povos que ouviram falar de Jesus Cristo há muito tempo, mas a sua cultura não lhes permite a manifestação pública da fé, que é vivida de maneira privada.
   O grande esforço é unir a evangelização ao desenvolvimento. Porque o grande desafio é a pobreza, que é desejada por aqueles que dirigem o país e não têm interesse em favorecer a dignidade humana.

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