1 de dez. de 2011

A CELEBRAÇÃO DO ADVENTO


Como fez para outros tempos do ano litúrgico, o Vaticano II enriqueceu notavelmente de leituras bíblicas o período do Advento. Os três ciclos para os quatro domingos, as leituras cotidianas da missa durante essas quatro semanas, apresentam um tesouro considerável, digno de uma atenta catequese.
O novo calendário romano, no n. 39, cuidou de exprimir o significado do Advento: "O tempo do Advento tem uma dupla característica: é tempo de preparação para a solenidade do Natal, em que se recorda a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens e simultaneamente é o tempo no qual, através desta recordação, o espírito é conduzido à espera da segunda vinda de Cristo no final dos tempos".
Esse significado envolve o lecionário inteiro: a escolha de cada perícope evangélica não só confere a cada celebração seu colorido litúrgico particular, mas determina, pelo menos para os grandes tempos do ano, a escolha das outras leituras ductilmente harmonizadas com ela.
Mais sugestiva que um longo comentário sobre a teologia do Advento é a tabela seguinte:
DOMINGO
Ano
PROFETA
APÓSTOLO
EVANGELHO
I
Esperança vigilante do Senhor
AAs nações se reúnem
Is 2, 1-5
O dia está próximo
Rm 13, 11-14
Vigiai
Mt 24, 37-44
BOxalá Deus descesse
Is 63, 16-17.19;
O dia do Senhor
1 Cor 1, 3-9
Vigiai
Mc 13, 33-37
CO germe de justiça
Jr 33, 14-16
O dia quando vier o Senhor
1 Ts 3, 12 - 4,2
Vigiai
Lc 21, 25-28.34-36
II
Advertência de João Batista: Preparai os caminhos do Senhor
ASobre ele o Espírito do Senhor - Is 11, 1-10As promessas realizadas em Jesus - Rm 15, 4-9Preparai o caminho do Senhor - Mt 3, 1-12
BEncher o vale
Is 40, 15.9-11
Céus novos e terra nova
2Pd 3, 8-14
Preparai o caminho do Senhor - Mc 1, 1-8
CAs colinas eternas serão abaixadas - Br 5, 1-9O dia quando vier o Senhor
Fl 1,4-6.8-11
Preparai o caminho do Senhor - Lc 3, 1-6
III
Presença dos tempos messiânicos. Alegria.
AAs curas, sinais dos tempos - Is 35, 1-6.8.10Paciência até a vinda do Senhor - Tg 5, 7-10Curas e Sinais
Mt 11, 2-11
BBoa nova aos pobres
Is 61, 1-2.10-11
Alegria pela vinda do Senhor
1Ts 5, 16-24
Cristo no meio de nós
Jo 1, 6-7.19-28
CAlegria! Deus está em ti
Sf 3, 14-18
Alegria! O Senhor está aqui
Fl 4, 4-7
Vem um mais poderoso
Lc 3, 10-18
IV
Encarnação do Verbo
AUma virgem dará à luz
Is 7, 10-14
Nascido de Davi segundo a carne - Rm 1, 1-7Anúncio a José
Mt 1, 18-24
BA tua casa para sempre diante de mim
2Sm 7, 1-5,8-12.14.16
O mistério revelado a todos
Rm 16, 25-27
Anúncio a Maria
Lc 1, 26-38
CAquela que deve dar à luz
Mq 5, 1-4
Cristo ao chegar diz: Eis-me
Hb 10, 5-10
Anúncio a Isabel
Lc 1, 39-48
Como se pode notar, os domingos exprimem uma continua progressão partindo do segundo advento, ligado ao último domingo do ano, embora sempre sublinhem o nascimento de Jesus, para chegar à encarnação do Verbo.
O número das perícopes escriturísticas é impressionante e confere à celebração do Advento uma riqueza teológica incomparável. Observe-se a discreta harmonização entre as três leituras do mesmo domingo. Somos pois convidados a ler e a estudar os textos na sua recíproca ligação no âmbito da celebração de um mesmo domingo, mas também na sua ligação com os textos dos domingos seguintes. Basta olhar simplesmente a tabela das leituras na tradição romana, para o leitor tomar consciência de que as leituras do Lecionário do Vaticano II se inspiraram amplamente na escolha dos lecionários precedentes. Mas o lecionário atual propõe também duas leituras próprias para cada dia das quatro semanas do Advento: é mais uma riqueza, que infelizmente nos é impossível comentar aqui. Vamos limitar-nos a oferecer uma brevíssima síntese apenas das leituras dominicais.
A tonalidade de fundo que percorre o 1º domingo é a da espera vigilante do Senhor. Ele anuncia o seu retorno. Devemos estar alertas. As nações se reunirão. O dia está próximo (ciclo A). De fato, esperamos que o Senhor Jesus se revele. Quando vier, tudo será restaurado, o universo e cada um de nós (ciclo B). E preciso vigiar e estar pronto para comparecer de pé diante do Filho do homem. Um germe de justiça se instaurará no fim dos tempos, pelo que devemos estar firmes e irrepreensíveis (ciclo
Se o reino dos céus está próximo, é mister preparar os caminhos. É o tema específico do 2º domingo do Advento. O Espírito está sobre o Senhor e nele as promessas são confirmadas (ciclo A). Preparar os caminhos significa preparar um mundo novo, uma terra nova (ciclo B). Devemos saber ver a salvação de Deus, cobrir-nos como manto da justiça e revestir-nos do esplendor da glória do Senhor (ciclo C).
O 3º domingo apresenta os tempos messiânicos. Deus vem salvar-nos, a sua vinda está próxima, as curas são o sinal da sua presença (ciclo A). No meio de nós está alguém que não conhecemos. Exultamos pela presença de quem está marcado pelo Espírito (ciclo B). Um mais poderoso que João Batista deve chegar. Já está aqui. E esse o tempo da fraternidade e da justiça (ciclo C).
O 4º domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias. José foi pré-advertido. Uma Virgem conceberá o Filho de Deus, Jesus Cristo, da estirpe de Davi (ciclo A). A noticia é comunicada a Maria. O trono de Davi será firme para sempre. O mistério calado por Deus durante séculos é agora revelado (ciclo B). Também Isabel agora sabe. De Judá sairá aquele que vai reger Israel. Ele vem para cumprir a vontade de Deus (ciclo C).
Extraído do livro
O ANO LITÚRGICO História, Teologia e CelebraçãoAnámnesis 5, vários autores, ©Paulinas 1991

No Mistério da Cruz a Misericórdia do Pai




É no mistério da Cruz que se revela plenamente o poder incontível da misericórdia do Pai celeste. Para reconquistar o amor da sua criatura, Ele aceitou pagar um preço elevadíssimo: o sangue do seu Filho Unigênito. (Bento XVI mensagem para Quaresma 2007)


Iniciaremos dia 21 de fevereiro (em 2007, a quarta-feira de cinzas) o tempo litúrgico da Quaresma, este tem por finalidade nos preparar para a Páscoa do Senhor. A liturgia desse tempo conduz tanto os catecúmenos pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, através da lembrança do Batismo e Penitência, para a celebração do mistério pascal.


A duração de quarenta dias da Quaresma encontra seu simbolismo na Bíblia: os 40 dias de jejum de Jesus no deserto (Mt 4,1s), os 40 anos de peregrinação do povo hebreu no deserto até chegar a terra prometida, os 40 dias de jejum de Moisés no monte Sinai (Ex 34, 28), os 40 dias em que o gigante Golias desafiou o povo de Israel até sua morte por Davi, os 40 dias que o profeta Elias caminhou até a montanha de Deus, o monte Horeb, sustentado pelo pão cozido e água (I Rs 19, 5-8), os 40 dias do dilúvio, os 40 dias em que o profeta Jonas pregou a penitência aos ninivitas (Jn 3, 4).


São 6 os domingos da Quaresma, denominados de I, II, III, IV, e V domingos da Quaresma; o 6° domingo é o que inicia a Semana Santa e é chamado Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor.


Neste ano de 2007, ano C a liturgia propõe para a Quaresma um caráter penitencial. “Apresenta-nos uma catequese da reconciliação, tema que encontra seu ápice na Páscoa, sinal supremo da nossa reconciliação com o Pai” Nesse período teremos a graça de mergulharmos profundamente no evangelho de Lucas, aonde a misericórdia é o tema principal.
A Quaresma aparece como este tempo de aprofundamento do discipulato de Cristo, nós seus discípulos, participamos intimamente da sua vida, e nos unimos a Ele nesse caminho de deserto, nesse caminho do grão de trigo que cai na terra para morrer e dar frutos, é tempo de conversão para Deus, de reordenar a vida para o Senhor, de dar espaço para o homem novo.
Neste tempo a Igreja nos convida pelas obras de penitência a se deixar purificar por Cristo, nosso esposo e destaca como meios para isso o jejum, a oração e a caridade, estas devem ser realizadas como participação do mistério de Cristo.


Jejum:
Este deve expressar o desejo de uma conversão interior, pois não adianta abster-se de qualquer alimento, se não se dispõe concretamente a lutar contra o pecado.
A ascese da Quaresma não se restringe ao jejum, mas engloba toda atitude que leve a virtude da temperança, nos libertando dos vícios e pecados, para uma vida nova, fruto da Paixão de Cristo. A ascese cristã tem em vista a renovação interior do homem pelo dom do Espírito Santo, a fim de lutando contra o pecado pela mortificação, sejamos dóceis à ação salvífica de Deus em nós, cujo ápice é a Páscoa de Cristo. O fundamento da ascese cristã é Cristo e sua Paixão. E esta ascese tem por finalidade gerar em nós a “pobreza de coração”, que se entrega sem restrições, plenamente, ao Pai em Cristo e não apenas oferece “coisas” exteriores; o que o Senhor quer de nós na verdade, é um coração contrito e humilhado, livre da auto-suficiência que se manifesta no apego à riqueza e no orgulho; quer que façamos como o publicano que disse, batendo no peito, e foi justificado: Senhor, tende piedade de mim que sou um pobre pecador.


Oração
O período da Quaresma é tempo de oração, de orarmos mais demoradamente e mais profundamente, de orarmos segundo seu significado mais profundo que é a participação na oração de Cristo. Orar para que sejamos dóceis, completamente abertos à vontade de Deus, seja nossa oração um dobrar-se, prostrar-se diante de Deus numa postura interior de entrega plena a Deus. Tempo de escuta atenta da Palavra de Deus, pois é esta Palavra que penetra e é capaz de infundir em nós a luz para reconhecermos a nossa condição de pecador, ela nos convida a conversão e também é ela que gera no nosso coração a confiança na misericórdia de Deus. Por ser a Igreja uma comunidade orante e penitente, esta oração deve ser não só pessoal, mas também comunitária, se valorize mais a graça de rezar junto como Corpo de Cristo.
O Sacrossanctum Concilium recomenda que especialmente neste tempo, não se deixe de interceder pela conversão dos pecadores.


Caridade
A exemplo do Cristo “que tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” também nós seus discípulos possamos movidos por este amor, nos dar aos nossos irmãos em total abertura, lutando contra o egoísmo que nos fecha em nós mesmos e indo ao encontro dos que sofrem, dos pobres.


Orientações práticas para a Quaresma:
Não são permitidas flores sobre o altar. Devido ao espírito penitencial, os instrumentos musicais só podem ser usados para acompanhar os cantos. O silencio dos instrumentos musicais e a ausência das flores indicam austeridade, penitência, conversão em preparação às festas pascais, bem como a cor roxa das vestes sagradas.
Os cantos devem ser adequados a esse tempo e preferivelmente estejam em sintonia com os textos litúrgicos.


Sejam estimulados os exercícios de piedade mais consoantes com esse tempo como a Via Sacra.
A Quarta feira de Cinzas é dia de jejum e abstinência.
No 4° domingo da Quaresma (Domingo Laetare) e nas solenidades e festas é permitido o uso de instrumentos musicais, bem como de flores no altar. As vestes sagradas nesse domingo podem ser de cor rosa.


Papa Bento XVI

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